quarta-feira, 14 de maio de 2008

Entretanto...

Enquanto não se publica o livro, aqui fica um excerto, um extracto, do que lá se poderá ler:

Quando somos nós, cada um de nós? Quando somos um indivíduo? Que indivíduo somos? Quando, como e onde sou eu, quem? Por que sou um acontecimento? Quanto posso ser? Quantos, até? Haverá uma essência singular da existência individual? Uma multiplicidade serial do ser unívoco? Seremos uma voz indiferenciada num oceano de vozes que se fundem e mesclam num univox global? Ou seremos gota-voz, parte diferencial e diferenciada a-cada-vez-que-se-encontra, que se colhe, que se arranca, que se observa; em suma, de-cada-vez-que-se-individua relativamente a um observador: uma sensação, um acontecimento, um pensamento, um devaneio, um capricho, uma loucura? Onde começa o indivíduo, onde acaba, onde se liga entretanto? Como se fixa uma vida em determinados acontecimentos que o fazem devir aquilo que é – pela força de uma mão? Um ser de devires, em permanente processo de individuação: colectivo (compósito), individual (material), relativo (formal). Se a individuação de uma vida que devém através de agregados, de blocos de ecceidades permite a sua auto-captura, como arrancar uma ecceidade desse processo de individuação singular e agenciá-la com outra, ou outras? O que se consegue então? O que se constitui? O que fica composto? Um plano de imanência intensivo, latitudinal. Se for antes uma multiplicidade de ecceidades inerentes ao plano de uma vida teremos um plano de imanência vertical, extensivo, longitudinal, constituição de uma singularidade. Haverá uma carta possível nas intersecções destas coordenadas? Será possível um mapa da relatividade, uma geografia ou até uma topologia de espaços vagos e fluidos onde, quais fractais, nos possamos afirmar como vidas diferenciadas, acontecimentos, catástrofes meteóricas, em devires no caos de uma vida. Uma carta virtual de um arquipélago em actualização, sem ilhas nem mar, onde, debaixo do Sol, ao meio dia, quando o plano de imanência é pura luz – entre entropia e neguentropia – se constituem os trópicos de zona.

2 comentários:

musqueteira disse...

...entretanto no entanto do tempo fica à espera que o encanto da Obra se faça: Livro!

llima disse...

Viva, Musqueteira! Se tudo correr bem – falta ainda revisão de provas e prefácio de convidada – será durante o mês de Junho :)